“A obra de Iberê Camargo é a expressão de uma experiência pictórica única que, por sua radicalidade, deu uma nova dimensão à pintura brasileira. Houve e há, no Brasil, uns poucos grandes pintores, que ajudaram a inventar o nosso universo pictural, mas nenhum deles imprimiu à sua experiência artística um tipo de exigência e questionamento como o fez Iberê – e que o conduziu, por assim dizer, a trabalhar numa zona limite em que a linguagem pictórica quase se apaga.(…)”
Ferreira Gullar
“Iberê alternava dias de euforia e de tristeza, seguia trabalhando no seu atelier, reinventando a vida, elegendo tintas, esgrimindo magistralmente lápis e pincéis. Eu podia testemunhar, como do nada, dos papéis e das telas brancas de vários tamanhos, Iberê criava “janelas” que se transformavam em passagens, caminhos de possibilidades infinitas para o olhar e a imaginação daqueles que merecessem e soubessem olhar.
Na última visita em 1994, Iberê não estava mais e mesmo seu manequim de madeira parecia ter perdido o viço. Restava seu atelier sem movimento como numa fotografia. No centro o Solidão, seu último quadro fazendo a síntese.”
Achutti