A pesquisa e a reflexão sobre diversos processos de transformação social, desenvolvimento econômico e suas implicações para o debate da questão da desigualdade, da diferença e do reconhecimento constituem parte fundamental da tradição sociológica brasileira. A discussão sobre desigualdade é base de discursos de cidadãos portadores de direitos e responsabilidades éticas inalienáveis e de demandas inerentes ao exercício da democracia.
Na contemporaneidade, essa temática é ampliada mediante o encontro com o tema do reconhecimento na diferença. De um direito à igualdade, o debate busca compreender a diferença, a alteridade que não pode ser reduzida a denominadores comuns. Essa busca por reconhecimento, no entanto, não se sobrepõe à questão da igualdade, constituindo desafio o diálogo entre dois princípios de reconhecimento nem sempre compatíveis, impondo-se pensar a questão da pluralidade e, ao mesmo tempo, a da igualdade na diferença.
Esse desafio foi enfrentado sob ângulos diversos no XIII Congresso Brasileiro de Sociologia, realizado em Recife – Pernambuco.
As contribuições de pesquisadores e professores de universidades brasileiras e estrangeiras, aqui reunidas, pretendem tornar-se referência para aprofundar a compreensão da heterogeneidade, uma das marcas do mundo da globalização. A Sociedade Brasileira de Sociologia tem o prazer de apresentar este livro que dá seguimento à série “Sociologia das Conflitualidades” e que enfrenta, através de instigantes análises, processos significativos de apreensão e compreensão da realidade social, demonstrando ao mesmo tempo o alto nível de internacionalização da SBS e o seu compromisso com os problemas e desafios da sociedade do seu tempo.
As identidades são múltiplas, mas perpassadas pela busca contínua de um discurso político coerente.
Michel Wieviorka
Importa, pois, estabelecer garantias para a convivência na e com a diversidade, constituindo os direitos humanos a chave da interdependência entre diferença, identidade e reconhecimento.
Maria Stela Grossi Porto
No Brasil, ao mesmo tempo em que se mantém a desigualdade, busca-se assegurar a igualdade no marco do passado e não do presente e do possível.
José de Souza Martins
O reconhecimento do outro como outro é o fim lógico de um conflito originado sob a égide da dominação.
Thomas Leithäuser
No caso brasileiro, a perda do papel crítico das classes trabalhadoras e a pavimentação das bases para expansão do capitalismo, segundo as suas ambições globais, parece contribuir para a sanfranciscanização da política.
Francisco de Oliveira
Para fortalecer a perspectiva crítica na produção do conhecimento científico sobre as sociedades do seu tempo, os sociólogos do futuro devem enfrentar os novos desafios gerados pela globalização, fraca presença do Estado, implicações da reestruturação produtiva, crescimento da desigualdade social e das diferenças.
Alessandro Bonanno
Para desenvolver sociologias do futuro e lidar com vários futuros, os sociólogos contam com diversos métodos. Nesses futuros não podem ser desconsiderados a mudança climática global e os novos controles estabelecidos pelas mudanças nos sistemas automotivos.
John Urry