Quem nunca quis dizer algo e não achou as palavras? Quem nunca teve uma sensação ou um sentimento que não encontra termo apropriado?
E se fosse possível nominar o inominado, se fosse possível batizar situações para as quais ainda não foram dados os devidos nomes?
Claro que muitos têm suas próprias expressões para diferentes coisas, e especialmente as da intimidade costumam receber tratamentos particulares. Mas uma língua não se faz de termos privados, justamente porque ela precisa ter caráter coletivo. Os escritores, muitas vezes, criam termos que ganham em suas narrativas os sentidos exatos do que eles gostariam de dizer; outras vezes, comunidades consagram palavras que vão sendo incorporadas ao uso cotidiano, e assim vai a língua sendo enriquecida até o reconhecimento dos dicionaristas. Em Magrafo, Diego Lops registra sua perspicácia de colecionador e facilita esse processo, convidando o leitor a não se conformar com a falta de palavras e a ser um protagonista da língua.
Ilustrações de Chris Tragante